Por que o interesse por empréstimos aumenta no final do ano, mesmo com taxas de juros elevadas?
O fim do ano chega carregado de boas expectativas: festas, reencontros, férias, presentes e, para muitos brasileiros, o tão esperado 13º salário. Mas, junto com esse clima de celebração, também cresce uma tendência curiosa: o aumento na busca por empréstimos, mesmo em um cenário de juros altos.
À primeira vista, parece contraditório. Por que alguém pediria dinheiro emprestado pagando juros caros, justo quando deveria estar economizando? A resposta está em uma combinação de fatores culturais, emocionais e financeiros — e também na falta de planejamento ao longo do ano.
Neste artigo, vamos entender por que essa demanda cresce, quais são as opções mais comuns de crédito nesse período e como você pode evitar cair em armadilhas financeiras.
Fim de ano: mais do que festas, é temporada de gastos
No Brasil, o encerramento do ano carrega um peso simbólico forte. É tempo de:
- Comprar presentes para a família e amigos
- Viajar nas férias escolares ou de fim de ano
- Pagar IPVA, IPTU ou outras contas que vencem em janeiro
- Organizar confraternizações e ceias
- Investir em roupas novas ou até quitar dívidas antigas (sim, muitos veem o 13º como “recomeço”)
O problema? Nem todo mundo consegue poupar o suficiente ao longo dos 12 meses para cobrir tudo isso. Resultado: o crédito vira um “salva-vidas”, mesmo que custe caro.
Segundo dados do Banco Central, historicamente o volume de empréstimos pessoais cresce entre outubro e dezembro, com pico em novembro — justamente quando as lojas entram em modo “Black Friday + Natal”.
Mas por que pedir empréstimo com juros altos?
A resposta não é racional — é emocional e prática. Muitas pessoas não veem alternativa viável no curto prazo. E, mesmo sabendo que os juros estão elevados, preferem:
- Evitar o constrangimento de não dar presentes
- Garantir a viagem programada com os filhos
- Aproveitar promoções que parecem “irrecusáveis”
- Pagar dívidas mais caras (como o rotativo do cartão, que cobra juros ainda maiores)
Além disso, há quem use o empréstimo como forma de organizar as finanças, trocando várias dívidas por uma única parcela — o famoso “rolar a dívida”. Nem sempre é a melhor escolha, mas, para alguns, é a única saída visível.
Opções reais de empréstimo no fim do ano: prós, contras e cuidados
Vamos comparar algumas alternativas comuns. Lembre-se: não existe “melhor empréstimo” para todos — só o mais adequado à sua realidade.
1. Empréstimo pessoal sem garantia
- O que é: Crédito oferecido por bancos ou fintechs sem exigir garantia.
- Vantagens: Contratação rápida, sem burocracia.
- Desvantagens: Juros entre os mais altos do mercado (frequentemente acima de 3% ao mês).
- Cuidado: Ideal só para emergências. Evite usá-lo para consumo supérfluo.
2. Empréstimo consignado
- O que é: Parcelas descontadas diretamente do salário ou benefício (INSS, por exemplo).
- Vantagens: Juros mais baixos (porque o risco para o banco é menor).
- Desvantagens: Só disponível para aposentados, pensionistas e servidores públicos (e, em alguns casos, funcionários de empresas conveniadas).
- Cuidado: Mesmo com juros menores, comprometer sua renda pode apertar seu orçamento no ano seguinte.
3. Empréstimo com garantia de imóvel ou veículo
- O que é: Você coloca um bem como garantia para conseguir taxas mais baixas.
- Vantagens: Juros bem mais competitivos (às vezes abaixo de 1% ao mês).
- Desvantagens: Se não pagar, pode perder seu carro ou imóvel.
- Cuidado: Só vale a pena se o empréstimo for para algo essencial ou que gere retorno (ex: reforma que valoriza o imóvel).
4. Antecipação do 13º salário
- O que é: Muitos bancos oferecem adiantar parte do 13º como “empréstimo”.
- Vantagens: Parece “grátis”, já que o valor será descontado do pagamento futuro.
- Desvantagens: Na verdade, é um empréstimo disfarçado — e pode ter juros embutidos!
- Cuidado: Leia o contrato. Às vezes, o valor antecipado é bem menor do que o desconto aplicado.
5. Linhas de crédito em fintechs e bancos digitais
- O que é: Aplicativos que oferecem crédito com análise automatizada.
- Vantagens: Processo 100% digital, decisões em minutos.
- Desvantagens: Juros variam muito — e nem sempre são transparentes.
- Cuidado: Compare antes de aceitar. Um “sim” rápido nem sempre é um “sim” barato.
Vale a pena pedir empréstimo no fim do ano?
Depende. Antes de assinar qualquer contrato, faça três perguntas a si mesmo:
- Esse gasto é realmente necessário agora?
Presentes caros, viagens de luxo ou roupas de marca podem esperar — ou ser substituídos por opções mais simples. - Consigo pagar as parcelas sem comprometer mais de 30% da minha renda?
Se a resposta for “não”, repense. Dívidas mal planejadas viram bola de neve em janeiro. - Existem alternativas mais baratas?
Às vezes, renegociar uma dívida antiga, vender algo que não usa ou fazer uma ceia mais simples resolve melhor que um empréstimo.
Dica prática: Se for pedir crédito, faça uma simulação em pelo menos três instituições diferentes. Pequenas diferenças na taxa podem gerar centenas de reais a menos no total.
Planejamento é a melhor “promoção” de fim de ano
O maior erro financeiro do brasileiro não é pedir empréstimo — é não planejar. O ideal é começar a se preparar logo em janeiro: separar uma parte do salário mensalmente para as despesas de fim de ano.
Se já é tarde demais para isso este ano, tudo bem. Mas use essa experiência como lição para 2026. Anote seus gastos típicos de novembro e dezembro, e crie uma “poupança de fim de ano”.
Assim, daqui a 12 meses, você pode aproveitar as festas sem dívidas, sem juros e com a consciência tranquila.
E você, já recorreu a empréstimos no fim do ano?
Foi uma decisão que deu certo? Ou virou uma dor de cabeça em janeiro? Compartilhe sua experiência nos comentários! Sua história pode ajudar outras pessoas a tomar decisões mais conscientes.
E se este artigo foi útil, não deixe de compartilhar com alguém que está pensando em pedir um empréstimo agora. Às vezes, uma conversa simples pode evitar um ano inteiro de aperto no orçamento.
Feliz fim de ano — e que 2026 comece com as contas em dia!